Nord Stream: a nova janela energética para a Europa

 

A Rússia, tal como qualquer outro país, não tem nenhuma vantagem em vender barato os seus recursos energéticos: neste caso, o Estado como que partilha os seus lucros de monopólio com os importadores. No entanto, é precisamente isso que os países de trânsito – a Ucrânia e a Bielorrússia – tentam obter, ao exigir descontos no preço do gás e ao utilizar todas as alavancas de influência, nomeadamente o facto de a Rússia ter de utilizar o território ucraniano e bielorrusso para fazer chegar o gás à Europa. Nesta situação, o projeto Nord Stream tem também uma tonalidade político-económica. Depois da entrada em funcionamento das duas linhas do gasoduto submarino através do mar Báltico, a Rússia poderá fornecer diretamente à Europa 55 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano, um volume bastante significativo se tivermos em conta as atuais condições de exportação: por exemplo, hoje através da Ucrânia transitam 120 mil milhões de metros cúbicos.

Mesmo assim, nem tudo é tão simples, como refere Vladimir Revenkov, director do departamento de mercados de gás do Instituto de Energia e Finanças.

Na Alemanha estão a desenvolver o sistema de transporte de gás: trata-se do gasoduto NEL e do OPAL, que rematam e interligam os fornecimentos de gás russo à Alemanha e depois à Polónia e à República Checa.

Repare no quadro que iremos ter. O gás russo entra na Polónia de dois lados. Do lado da Alemanha, passando pelo nosso território e pela Bielorrússia, e do lado da República Checa, de onde o nosso gás em princípio também pode entrar.

Surge como que uma competição entre dois sistemas de fornecimento de gás, o que, digamos, também não é muito bom. Mas é a Europa que temos. Foi ela que ideou o sistema de liberalização dos seus mercados de gás com o objetivo, com o intuito de os países fornecedores concorrerem pelos mercados. Isso interessa-lhes porque o preço do gás irá baixar. Por isso, aqui deverá haver uma política equilibrada. Talvez não nos devamos esforçar por aumentar as exportações de gás, por ter exportações em massa. Há que ponderar a situação de forma equilibrada, no interesse de toda a economia russa e do nosso país em geral.

Logo após terem sido anunciados os planos de construção do “North Stream”, começou-se a falar do avanço do gás russo para Ocidente.

Falou-se, nomeadamente, de fornecimentos às ilhas britânicas. Estas estão ligadas à Europa continental através de dois gasodutos. Por isso, o gás já é fornecido ao mercado britânico. Mais, o gasoduto “Interconector”, que passa pela Bélgica, permite bombear o gás em duas direções. Quando a diferença de preços no mercado britânico e no mercado continental o justifica, o combustível é transportado da Grã-Bretanha para o continente, embora no início tivesse sido planeado ao contrário.

No entanto, as capacidades de que a Rússia dispõe são perfeitamente suficientes para abastecer duas, ou mesmo três linhas do Nord Stream, pelo que o alargamento geográfico das exportações não é de excluir.