O South Stream em direção à Europa

 

A Bulgária anunciou que o gasoduto South Stream, que passará pelo território do país, será considerado projeto de importância nacional. Esse estatuto permitirá diminuir o tempo necessário para executar os procedimentos administrativos e a realização do projeto. A UE também poderá dar ao gasoduto um estatuto especial. Esta possibilidade não foi excluída pelo comissário europeu da Energia,Gunther Oettinger.

As autoridades russas e a diretoria da Gazprom, ao que parece, conseguiram inverter a visão negativa em relação a esta grande empresa russa por parte dos países europeus. Alguns países do Velho Continente e a Comissão Europeia estão prontos a rever a sua posição sobre os programas da Gazprom. O projeto mais promissor da empresa (depois do já lançado Nord Stream), o South Stream, já recebeu o status de projeto de importância nacional. Traduzindo da língua burocrática, isso quer dizer que todas as formalidades jurídicas, administrativas e fiscais foram reduzidas ao mínimo, além disso, as autoridades se comprometeram a fornecer o máximo apoio à Gazprom.

Vale ressaltar que a Bulgária demorou a chegar a esta decisão e, em uma das etapas das negociações, Sofia quase brigou com Moscou. A Bulgária aderiu ao projeto South Stream em 2008. Um ano depois, foi eleito um novo governo que suspendeu os projetos energéticos com a Rússia. De qualquer forma, em 2010, as partes resolveram todos os problemas e anunciaram a criação de uma empresa conjunta. No entanto, isso não é o mais importante. Sofia foi contra a opinião de Bruxelas, que nos últimos anos tem imposto o Terceiro Pacote Energético e outras condições que dificultavam os negócios. Comenta o diretor do Fundo do Desenvolvimento Energético, Sergey Pikin:

Atualmente, todos os países da UE têm apenas uma tarefa: a atração de investimentos para suas regiões. A Búlgaria entende que os investimentos, que podem chegar à região com a construção do South Stream, são muito sérios e são contados em bilhões de euros. Por isso, os países da UE têm interesse de trabalhar com os investidores. Se antes a Europa podia escolher os seus investidores e falar alto, hoje, nas condições de crise, a posição dos países mudou.

O South Stream será construído através do Mar Negro, o que permitirá que o gás chegue à Europa do Sul sem passar pela Ucrânia. O projeto está sendo desenvolvido pela  Gazprom, que tem 50% das ações, a italiana Eni, a francesa EDF e a alemã Wintershall, que dividem os outros 50% entre si. A inauguração da primeira etapa será em 2015. Em 2018, o gasoduto deverá começar a trabalhar a 100% – 63 bilhões de metros cúbicos de gás. O valor total do projeto é de 15,5 bilhões de euros.

O único problema é que o South Stream cai sob a jurisdição do Terceiro Pacote Energético. De acordo com ele, o gasoduto pode ser utilizado por terceiros, no entanto o fornecimento e venda do gás têm que ser divididos, o que vai contra os princípios da empresa russa. A situação poderia ser resolvida se o South Stream ganhasse o status de Infra-estrutura Transeuropeia de Recursos. Bruxelas, até pouco tempo, era contra tal medida. No entanto, o tom da conversa mudou. O comissário Gunter Oettinger já não excluí a concessão de benefícios ao projeto.

Os especialistas notam que as autoridades europeias são obrigadas a fazer concessões. Os projetos alternativos, tais como o gasoduto Transadriático ou o Nabucco, estão parados. E, com as crises nos países árabes, o mercado de recursos não está na sua melhor situação. Nesta história toda, a empresa Gazprom mostrou-se um parceiro confiável. E, no final das contas, isso é mais importante para o consumidor e para as grandes empresas do que as intrigas de Bruxelas com o Terceiro Pacote Energético.